Faltou luz por aí? Entenda o que pode causar uma queda de energia e gerar um “apagão”
Conteúdos - 15/08/2023
Prime Energy
O Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia é o coração pulsante da infraestrutura energética do Brasil. Em momentos de alguma interferência ou falha (de diferentes ordens) neste sistema, pode vir a acontecer o popular “apagão”. Mas como essas quedas de energia acontecem? Elas afetam igualmente todo o sistema? Neste texto, vamos te explicar ponto a ponto dessa robusta estrutura.
Como funciona o Sistema Interligado Nacional?
Esse sistema complexo e abrangente é responsável por coordenar a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Em um país continental como o Brasil, ele é a chave para que toda a produtividade de indústrias, empresas, hospitais e cidades como um todo, possam movimentar suas atividades.
Composto por uma rede interconectada de usinas geradoras, linhas de transmissão e distribuição, o SIN desempenha um papel fundamental no fornecimento confiável e eficiente de eletricidade para a população, indústria e serviços. No entanto, nem mesmo esse enorme sistema está livre de panes.
Como a energia chega em todas as regiões do país?
A distribuição de energia no Brasil ocorre em diferentes etapas, envolvendo a geração, transmissão e chegada até o consumidor final:
- Geração: A energia elétrica é produzida em usinas geradoras, que podem ser hidrelétricas, termelétricas, eólicas, solares, entre outras. A diversificação da matriz energética é uma busca constante para garantir a sustentabilidade e a segurança do abastecimento.
- Transmissão: A energia gerada é transportada por meio de linhas de transmissão de alta tensão até subestações regionais, onde a tensão é reduzida para distribuição local.
- Distribuição: A energia é entregue aos consumidores finais por meio de redes de distribuição de média e baixa tensão. As concessionárias de energia elétrica operam essa etapa, garantindo o fornecimento constante e a qualidade do serviço.
Da rede de distribuição à baixa e alta tensão
A energia que sai das usinas geradoras e chega até sua casa, passa por um longo caminho. Por isso, para evitar perdas nesse trajeto, há uma elevação no nível da tensão. Isso acontece para dar mais fluidez e segurança a esse percurso. Assim, essa energia vai fluir das centrais geradoras até os centros de distribuição.
Portanto, é preciso entender que esse aumento do nível da tensão é uma premissa técnica, que reduz as perdas e permite o transporte dessa energia até os centros urbanos.
Para isso, existem as subestações. São elas que atuam nesse processo de regular a baixa e alta tensão. Assim, elas reduzem a tensão da energia elétrica até chegar ao nível adequado para consumo dos clientes.
Hoje, existem dois tipos: aqueles que recebem energia na baixa tensão e aqueles de maior porte, que consomem a energia da chamada alta tensão – apesar de também existirem ajustes para essa categoria.
E por que existe essa distinção entre as tensões?
Todo o cliente, antes de se conectar à rede, é submetido a uma avaliação pela distribuidora para que seja identificado o seu nível de tensão. Assim, é necessário apresentar um projeto que compreenda o levantamento de carga, e que especifique a quantidade que ele consumirá de energia elétrica.
Além disso, há uma avaliação do tipo de equipamento que será operado nessas empresas, que na maioria das vezes, são equipamentos que consomem muita energia.
Depois disso, a distribuidora pode enquadrar ou não o cliente em determinada faixa com base em sua demanda solicitada. Dependendo dessa avaliação, pode ser necessária a inclusão de um transformador.
Dessa forma, seria impossível, por exemplo, clientes residenciais serem atendidos em alta tensão. Afinal, eles possuem cargas baixas e o devido enquadramento ficará a cargo da distribuidora.
Por que acontecem os apagões?
Os apagões ou blackouts, como são chamados em inglês, podem ser provocados por diferentes motivos. São eles:
- acidentes,
- queda de linhas de transmissão,
- sobrecargas,
- pane parcial do sistema de geração ou de distribuição,
- medida de segurança nacional.
Por isso, para o funcionamento pleno de atividades de cidades, empresas e residências, o conceito de uma eficiente gestão desse sistema é fundamental.
O que aconteceu neste apagão?
Um amplo blecaute atingiu hoje (15/08) 25 estados brasileiros e o Distrito Federal, e de acordo com reportagem no portal G1, teve como origem uma ocorrência registrada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) às 8h31, que resultou em uma desconexão elétrica no sistema interligado.
Na prática, é como se as regiões Norte e Nordeste do país tivessem se desconectado das regiões Sul e Sudeste. As razões para esse incidente estão sendo investigadas, conforme informado pelo próprio ONS.
As consequências desse apagão se fizeram sentir em várias cidades, incluindo a desativação de sinais de trânsito, a interrupção das operações do metrô e a suspensão das atividades escolares.
Clientes do Mercado Livre de Energia também sofrem com essas quedas de energia?
Sim, os clientes do Mercado Livre de Energia também podem ser afetados por apagões e interrupções no fornecimento de energia elétrica. O Mercado Livre de Energia é um ambiente no qual grandes consumidores, como indústrias e empresas, podem negociar contratos de fornecimento diretamente com geradores e comercializadoras de energia, buscando condições mais flexíveis e tarifas diferenciadas.
No entanto, para que a energia negociada chegue até as indústrias e empresas, o sistema de distribuição em geral (SIN) também é utilizado. Portanto, se houver uma interrupção neste sentido, estes consumidores serão afetados.
Há alguma solução para clientes do Mercado Livre de Energia não serem afetados por apagões?
No contexto do mercado livre de energia, um “autoprodutor” é um tipo de consumidor que possui a capacidade de gerar parte ou toda a energia elétrica que consome. Essa geração de energia pode ocorrer por meio de fontes próprias, como painéis solares, turbinas eólicas, ou outras formas de geração local. Se este cliente investir em uma autoprodução contendo geradores e baterias de armazenamento, ele estará seguro em relação a quedas e falhas no sistema.
Os autoprodutores têm a vantagem de poderem suprir parte ou a totalidade de suas necessidades energéticas por meio da produção própria. Isso lhes confere maior autonomia e controle sobre os custos e a origem da energia que utilizam.
Saiba tudo sobre a autoprodução no Mercado Livre de Energia no vídeo abaixo.
E para quem tem um sistema próprio de geração. Se acabar a luz da rua o meu sistema de energia solar continua funcionando?
Depende do modelo de geração que você possui em sua casa. A partir do momento em que você tem o sistema de geração, e ele é feito para seu consumo, você já não depende exclusivamente da distribuidora. Então, você já sabe que, durante o dia, seu sistema produzirá 100% do seu consumo, às vezes menos e às vezes até mais, por isso, faz a compensação da energia que gerou a mais.
Caso haja racionamento e a quantidade de energia da concessionária diminua, você tendo seu próprio sistema, pode continuar seu padrão de consumo da mesma maneira, diferentemente de algumas pessoas que teriam que deixar de utilizar algum equipamento.
Mas, é importante ressaltar que, em relação a apagões, caso o seu sistema seja off-grid ou seja, que é com baterias ou armazenamento, você não sofrerá interrupção no fornecimento. No entanto, na grande maioria dos casos é que o sistema de geração solar é conectado na rede, e portanto, se cair a energia da rede o sistema também é desligado, pois não pode ocorrer injeção de energia, por questões de segurança. Assim, se é uma suspensão para realizar algum serviço, a injeção na rede poderia causar algum acidente.
Mesmo havendo apagões eventuais. Podemos concluir que o SIN é seguro?
O SIN é supervisionado por diversos agentes reguladores que atuam para garantir o funcionamento seguro, estável e eficiente do sistema. Interferências podem acontecer, mas o próprio modelo regulatório prevê agentes e operações que são prontamente realizadas para o reestabelecimento da energia. Dentre os principais órgãos reguladores estão:
- ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica): A ANEEL é a agência federal responsável por regular e fiscalizar o setor elétrico no Brasil. Ela estabelece as diretrizes para tarifas, contratos de concessão, licenciamento de usinas e outras questões relacionadas à geração, transmissão e distribuição de energia.
- ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico): O ONS é responsável por operar o SIN em tempo real, otimizando a geração e transmissão de energia para atender à demanda. Ele monitora as condições do sistema, coordena o despacho das usinas geradoras e garante a segurança operacional.
- EPE (Empresa de Pesquisa Energética): A EPE é responsável por estudar e planejar o desenvolvimento do setor energético a longo prazo. Ela elabora projeções de demanda, avalia a viabilidade de novos projetos e contribui para a formulação de políticas energéticas.
Em suma, o Sistema Interligado Nacional desempenha um papel vital na sustentabilidade e no desenvolvimento do Brasil. A coordenação entre os agentes reguladores, o funcionamento da distribuição de energia e a superação dos desafios do setor são cruciais para garantir um fornecimento confiável e eficiente de eletricidade para todos os brasileiros.