A única coisa que pode vencer o racismo é o conhecimento, vamos juntos nessa?
Por que existe o dia da consciência negra?
A data representa um processo de valorização e de reconhecimento dos afrodescendentes, suas raízes, resistências, lutas e tradições históricas na construção da sociedade brasileira. Além disso, a data também visa visibilizar uma tomada de consciência sobre as violências causadas pelo racismo e a desigualdade social.
O dia 20 de Novembro foi instituído pela Lei nº 12.519, e faz referência ao dia do assassinato de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, assim como a luta por direitos reivindicados pelo movimento negro. Com isso, a data evidência a escravidão como um sistema de dominação que estruturou a sociedade brasileira, e que precisa ser compreendido e debatido para que se discuta o racismo estrutural, as tentativas de apagamento e embranquecimento da cultura africana e o desequilíbrio nas oportunidades.
Quem foi Dandara?
Dandara é um símbolo de força feminina, por todos os feitos em uma época em que as mulheres eram praticamente invisíveis. Considerada uma das guerreiras mais importantes na resistência do Quilombo dos Palmares e ela teve um papel central na luta contra a escravidão. Dominando técnicas de combate e de capoeira, lutava e participava das atividades estratégicas e planos de ataque e defesa do quilombo ao lado de Zumbi.
Sendo uma mulher negra, o protagonismo de Dandara também sofreu tentativas de apagamento ao longo dos anos, como se ocupasse um lugar secundário em relação a Zumbi. Assim, a data também é uma oportunidade para o reconhecimento de sua importância e valorização da sua liderança. Sua morte também é uma forte representação da busca por justiça e liberdade, já que Dandara tirou a própria vida para não voltar à condição de escravizada.
Quem foi Zumbi dos Palmares?
Zumbi foi um dos líderes do maior quilombo da história do Brasil, o Quilombo dos Palmares. Além de ser considerado um herói por lutar pela liberdade, não só dos escravos e negros, mas também dos camponeses, índigenas e de outros grupos sociais.
O que é ser antirracista?
Antirracismo é analisar a si mesmo, o meio e os outros, tanto na teoria como na prática.
Ser de fato antirracista é primeiro olhar para dentro de si, procurar entender e aceitar que sim, nós também propagamos ou somos convenientes com o racismo. E então, com essa análise começar a mudança na prática.
Antirracismo, para os brancos, é prática diária de escuta, leitura e questionamento. É escuta atenta. É assumir a transformação e participar ativamente da luta contra a desigualdade.
Afinal, como diz Angela Davis “não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”.
10 Passos para uma jornada antirracista
1
Informe-se!
Pesquise, estude e escute! Reconhecer que o racismo existe é o primeiro passo para a mudança. Não tenha medo de dizer que determinada atitude foi racista, “racista”, é apenas uma forma de definir o que aconteceu, além de ser importante para a mudança realmente acontecer.
2
Questione-se!
Analisar-se, é também se questionar sobre o que, de fato, está fazendo e pode fazer para contribuir com a luta. Entenda seu lugar e questione tudo que foi definido como “natural” ou “sempre foi assim”, é um dos primeiros passos para não reproduzir mais violências raciais.
3
Enxergue a negritude
De forma resumida, negritude é o orgulho e a conscientização, que busca valorizar as singularidades e os valores culturais da cultura negra.
É importante entender que antes de buscar soluções para um problema, devemos tirá-lo da invisibilidade. Então, nada de usar frases como “eu não vejo cor”. Afinal a questão não é a cor, e sim o uso dela como justificativa para separar e oprimir. Não deixe de ver cores, existe muita diversidade entre nós e isso é ótimo.
4
Reconheça os privilégios da branquitude
O debate racial é sempre pensado na negritude, mas é preciso que pessoas brancas pensem e analisem o que significa pertencer a esse grupo, e quais os privilégios possui em relação aos não brancos.
O baixo número ou a ausência de pessoas negras em espaços de poder não costuma incomodar ou surpreender pessoas brancas, mas isso não significa que está certo.
Afinal, a maioria da população do Brasil é negra, quase 56%, então por que a ausência de pessoas negras nesses espaços não causa estranhamento? Para além desse questionamento, pessoas brancas devem pensar e entender os privilégios que acompanham a sua cor. É essencial para que privilégios não sejam normalizados ou considerados apenas esforço próprio.
5
Apoie políticas educacionais afirmativas
O racismo estrutural afeta a população negra até mesmo quando o assunto é educação. Já que possuem menos condições de ter educação, que dirá de qualidade. Basta uma pesquisa rápida para ver que quem passa nos vestibulares concorridos das melhores universidades públicas são pessoas que estudaram em escolas particulares e falam outros idiomas. É aqui que entra o racismo estrutural, já que facilita o acesso desse grupo à educação. Lembre-se! Essa discussão não é sobre capacidade, mas sobre oportunidade.
6
Perceba o racismo internalizado em você
É impossível não ser racista tendo sido criado em uma sociedade racista. É algo que está em nós , mas que devemos lutar contra, sempre.
O racismo é algo tão presente em nossa sociedade que passa despercebido na maioria das vezes. Um exemplo é quando, ao escutar uma piada racista, as pessoas riem ou silenciam, em vez de repreender quem a fez.
O silêncio é conivente a violência.
7
Transforme seu ambiente de trabalho
Se você tem ou trabalha numa empresa, questione:
Qual a proporção de pessoas negras e brancas em sua empresa?
Como fica essa proporção no caso dos cargos mais altos?
Como a questão racial é tratada durante a contratação de pessoal?
Existe algum projeto de diversidade para melhorar esses números?
Há espaço para um humor hostil a grupos vulneráveis?
Essas perguntas podem ser um guia para uma reavaliação do racismo no trabalho. Precisamos acabar com a ideia do “negro único”, porque não basta ter apenas uma pessoa negra e achar que nesse espaço de poder já não existe racismo.
8
Combata a violência racial
Os negros representam 55,8% da população brasileira e são 71,5% das pessoas assassinadas.
Segundo dados da Anistia Internacional, a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. No Brasil, existem vários movimentos e organizações engajadas em combater abusos por parte do Estado, como:
Iniciativa Negra;
Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio;
Movimentos;
Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD);
Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre outros.
Existem muitas formas de ajudar e apoiar o trabalho deles, seja financeiramente, divulgando ou comparecendo aos eventos e manifestações.
9
Questione a cultura que você consome
Quando assistir a um filme ou a uma novela, reflita sobre a presença ou a ausência de artistas negros. Quantas pessoas negras estão atuando? Que personagens interpretam? E isso vale para qualquer outra produção cultural. Além de consumir, se você pode contratar profissionais da cultura ou investir em projetos culturais, reflita:
Quem você escolhe para a equipe e quais temas estão sendo tratados.
Você está fazendo tudo que pode para contribuir com a luta antirracista?
10
Seja antirracista!
Questione. Estude. Escute. Apoie! Faça a mudança que você quer ver no mundo, o antirracismo é uma luta de todas e todos. Como a própria autora (Djamila Ribeiro - Pequeno Manual Antirracista) diz: “Esse livro é uma pequena contribuição para estimular o autoconhecimento e a construção de práticas antirracistas”, então aproveite cada capítulo e não pare por aqui!
Vamos juntos(as)!
FONTES: 20 de novembro – Dia da Consciência Negra - Brasil Escola (uol.com.br). Quem foi Dandara dos Palmares? Conheça a história (vestibulares.com.br). Zumbi e Dandara dos Palmares - Guerreiros do maior quilombo do Brasil (escolaeducacao.com.br)